Por Paulo F. Kertzman
Tratabalho apresentado no Cong. DAE Ombro e Cotovelo, publicado posteriormente no Informativo SBTOC de Julho / 2002


Introdução:

A utilização das ondas de choque no tratamento das afecções ortopédicas teve início na Alemanha nos meados dos anos 80, e no Brasil desde 1998. A tendinite calcárea acomete principalmente o tendão do supra espinhoso provodando dor e limitação da amplitude dos movimentos do ombro, tendo como origem um processo de isquemia local e inflamação crônica com preciptação de depósitos calcáreos no tendão do supra espinhoso.

Os tratamentos habituais com medicação, repouso, infiltrações e fisioterapia melhoram a sintomatologia em cerca de 60% dos casos. Para os casos em que o tratamento habitual não obteve sucesso, a terapia por ondas de choque é indicada como alternativa ao tratamento cirúrgico.

Casuística:

De outubro de 1998 a novembro de 2001 foram tratados 42 pacientes. 18 do sexo feminino e 24 do masculino, com idade média de 45 anos, variando de 38 a 69 anos. Todos já haviam sido tratados previamente por pelo menos 6 meses sem melhora da dor e da mobilidade. Oexame clínico era negativo para lesão do maguito rotator e a maioria
possuía exames de imagem comprovando este fato.

Técnica:

O tratamento é realizado em regime ambulatorial, sem preparo prévio. Utilizamos um litotripsor da marca Dornier, sendo aplicadas 2000 ondas de choque de baixa e média intensidade, num total de 3 aplicações, com intervalo de uma semana. A lesão foi localizada por auxíio de radioscopia ou ultra-som.

Mecanismo de Ação:

As ondas de choque agem de diversas maneiras:

a) ação mecânica causando a formação de de microbolhas que eclodem formando migrofragmentação da calcificação;

b) ação nalgésica por intenso estímulo local liberando enzimas locais que atuam na fisiologia da dor;

c) ação vascular provocando micro-hematomas que melhoram a irrigação e oxigenação local e conseqüente reabsorção dos depósitos calcáreos.

Resultados:

Os pacientes foram reavaliados semanalmente no primeiro mês após as aplicações, quanto à dor e a mobilidade articular, e as radiografias eral realizadas mensalmente para avaliara reabsorsão dos depósitos calcáreos.

Entre os 42 pacientes obtivemos melhora da dor logo nas primeiras semanas e da mobilidade articular, progressivamente, em 80% dos casos em um prazo de 3 meses, o que se manteve nos controles nos meses subseqüentes.

A calcificação começou a ser reabsorvida após a terceira semana, e após em 3 meses, em média, desapareceu ou diminuiu de maneira significativa em 70% dos casos.

Complicações:

A maioria dos pacientes queixou de dor de média intensidade durante a aplicação com melhroa com uso de analgésicos orais. Não ocorreram outras complicações tanto na pele como profundamente.

Conclusão:

A terapia por ondas de choque é um tratamento consagrado em outros países, não apresenta efeitos colaterais importantes, não requer internação ou anestesia, e demonstra bons resultados naqueles pacientes que não obtiveram sucesso com os tratamentos clássicos habituais para a tendinite calcárea do ombro.

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